segunda-feira, dezembro 08, 2025

Para líderes, Bolsonaro humilha Tarcísio ao impulsionar Flávio à Presidência; governador se cala

 

Para líderes, Bolsonaro humilha Tarcísio ao impulsionar Flávio à Presidência; governador se cala

Desde que candidatura de senador foi lançada, ele não se manifestou sobre ela

Por Mônica Bergamo/Folhapress

08/12/2025 às 17:00

Foto: Alan Santos/PR/Arquivo

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O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas

O lançamento da candidatura de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República, com a benção do pai, Jair, teve um efeito imediato: mostrar para as lideranças políticas de diferentes partidos que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) segue sem autonomia política e não é dono do próprio destino, pois tem que se submeter sempre aos desígnios da família do ex-presidente.

Desde que a candidatura de Flávio foi lançada, o governador permaneceu em silêncio.

Segundo dirigentes de diferentes legendas, a família Bolsonaro diminuiu Tarcísio perante outros líderes —e faz com que sua palavra em negociações políticas fique desacreditada, já que as decisões principais não passam por ele —mas, sim, pelo ex-presidente e seus filhos.

Resumindo: ele tem um chefe, afirma um dos dirigentes.

Uma segunda liderança do Centrão afirmou que a situação criada com o lançamento de Flávio "é até humilhante" para o governador, que "passou os últimos dois meses se comportando, nos bastidores, como se fosse candidato a presidente da República".

De acordo com o mesmo dirigente, Tarcísio dizia que não seria candidato contra Lula em 2026, mas fazia discursos sobre conjuntura nacional em encontros com banqueiros e se reunia com diferentes líderes para discutir contextos e articular alianças estaduais.

"Era como se ele estivesse no comando, costurando tudo. E, de repente, de uma hora para a outra, o Bolsonaro vem e destrói o castelinho de cartas dele. Todo mundo está achando que o Tarcísio é o bobo da corte", diz um líder mais contundente, que esperava uma reação diferente do governador.

O mesmo político afirma que Tarcísio tem, sim, votos para vencer Lula. Mas não tem o comando político. "As pessoas jogaram três meses de conversa fora e agora percebem que ele não tem liderança alguma, é submisso mesmo", segue. "Ele dá razão para os que gostam dele, mas temem que o Bolsonaro, com ele, entre sem bater na porta".

Um dirigente que se reúne permanentemente com o governador, e apoia seu nome para concorrer à Presidência, afirma que o fato de a família querer sempre diminuir Tarcísio, mostrando que ele não está no comando das decisões, é uma estratégia burra, já que o governador é o que mais tem condições de derrotar Lula em 2026, como mostrou o Datafolha. Eleito, ele poderia anistiar Bolsonaro.

O mesmo dirigente diz acreditar que Flávio Bolsonaro vai acabar recuando, já que nem mesmo na direita houve apoio amplo à sua candidatura. Além disso, ele não perderia um mandato de oito anos no Senado para uma aventura eleitoral em que a derrota, para Lula, é quase certa.

Ainda que a possibilidade de um recuo da família em favor de Tarcísio seja previsível, afirma outro líder, só a permanência de Flavio como pré-candidato por alguns meses já empurra o governador para uma situação difícil.

"Acaba com o palanque dele nos estados", afirma. Afinal, governadores e lideranças regionais, sem a segurança de que o governador paulista será candidato a presidente, e tem a palavra final sobre acordos, vão buscar outras alianças e palanques para suas candidaturas. "Ninguém vai ficar esperando para ver se o Flávio se retira da disputa", diz.

Um terceiro líder afirmou acreditar que "a água vai correr para o mar", e que a candidatura de Tarcísio é uma realidade incontornável, por ser ele o candidato mais competitivo. Mas será preciso, antes, enfrentar e vencer a barreira colocada pela família em seu caminho.

Um político com trânsito tanto com a família quanto com Tarcísio afirma que o governador não soube fazer gestos para os Bolsonaros, que agora relutam em passar a ele o bastão político.

Ele diz que o bolsonarismo é "barato", e que a família nunca fez grandes exigências ao governador. Nem os pequenos pedidos, entretanto, foram atendidos por ele.

Com isso, a relação degringolou, pois Tarcísio não teria percebido o básico: embora "barato", o bolsonarismo é "produto essencial" porque tem a principal matéria-prima das eleições: os votos.

Politica Livre

Flávio Bolsonaro diz agora que candidatura é irreversível e que sobrenome é vantagem sobre Tarcísio

Por Thaísa Oliveira e Carolina Linhares, Folhapress

08/12/2025 às 18:00

Atualizado em 08/12/2025 às 21:28

Foto: Jefferson Rudy/Agencia Senado/Arquivo

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que se lançou à Presidência da República e ameaçou desistir em seguida, voltou atrás e agora afirma que sua candidatura é irreversível.

"É irreversível. Minha candidatura não está à venda", disse à Folha, nesta segunda-feira (8), pouco mais de 24 horas após afirmar que sus adesistência teria um preço.

O diretório do PP (Progressistas) no Paraná decidiu nesta segunda-feira (8) que não irá homologar a candidatura do senador Sergio Moro (União Brasil) para o governo estadual em 2026.

A deliberação foi unânime e o presidente nacional da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que não irá interferir. A posição no Paraná gera um impasse com o partido de Moro, o União Brasil. No plano nacional, PP e União Brasil já foram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pedir a aprovação de uma federação, a União Progressista.

O filho de Jair Bolsonaro (PL) afirmou ainda que seu sobrenome é uma vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que até então era o candidato preferido da maior parte da classe política para representar o bolsonarismo em 2026.

"Eu também atendo a todos os requisitos [para concorrer ao Planalto], com a vantagem de que tenho sobrenome Bolsonaro", disse Flávio em entrevista à Folha, nesta segunda-feira (8), ao ser questionado sobre a preferência por Tarcísio.

"Eu acho que não tem um cenário de eu ser candidato e ele [Tarcísio] ser. Seria uma ignorância muito grande, e ignorante é tudo o que o Tarcísio não é. Um cara extremamente inteligente, um cara que eu não tenho dúvida: a gente vai estar junto", completou.

O ajuste no discurso de Flávio ocorre no dia seguinte à declaração de que ele poderia desistir da candidatura, mas que haveria um preço —o ex-presidente livre e nas urnas.

Segundo Flávio, sua candidatura "não está à venda". O senador admite ainda que a reversão da inelegibilidade de seu pai é um cenário improvável.

"A única possibilidade de o Flávio Bolsonaro não ser candidato a presidente da República é o candidato ser o Jair Messias Bolsonaro. Acho que está bem simples de entender para todo mundo que, obviamente, não tem preço", disse.

Flávio define sua candidatura como "de protesto", mas afirma que tem viabilidade eleitoral.

"Não deixa de ser uma candidatura de protesto. Além de ser uma candidatura viável, é uma candidatura de protesto contra tudo o que está acontecendo aqui no Brasil", disse.

Em relação ao apoio do centrão, Flávio diz que busca atrair partidos como PP, União Brasil e Republicanos, mas que já conta com o PL e o povo. De acordo com o senador, sua candidatura representa "uma luz no fim do túnel" para a militância bolsonarista, "que estava de cabeça baixa".

 

Defesa de Vorcaro queria Kassio julgando caso no STF e citou relação com outra ação da PF

 

Defesa de Vorcaro queria Kassio julgando caso no STF e citou relação com outra ação da PF

Em análise inicial, Supremo entendeu não haver correlação de investigações e caso ficou com Toffoli

Por Ana Pompeu/Folhapress

08/12/2025 às 18:00

Foto: Reprodução/YouTube

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O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro

A defesa do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, citou um contrato de compra e venda de imóvel encontrado com o banqueiro em outra operação da PF, a Overclean, para pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a investigação contra ele ficasse no gabinete de Kassio Nunes Marques.

A primeira avaliação feita no Supremo, no entanto, recusou o argumento da correlação entre as duas operações. Caso as apurações avancem e encontrem novos indícios, o ministro Kassio pode ainda ser considerado prevento para o tema —quando um magistrado reúne a relatoria de processos semelhantes.

Os advogados apresentaram o pedido em 27 de novembro, mas o caso foi distribuído a Dias Toffoli.

Na última quarta (3), Toffoli decidiu que as diligências e medidas relacionadas à investigação deverão ser avaliadas pelo magistrado.

Logo após a decisão, o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília que cuidava do caso enviou todo o material ao Supremo.

O MPF (Ministério Público Federal) recorreu da decisão do magistrado que determinou a paralisação das investigações e a remessa dos autos ao STF. O recurso foi rejeitado.

A equipe de defesa de Vorcaro apresentou à corte informações sobre um envelope com documentos de um negócio imobiliário relacionado ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) ter sido encontrado em uma busca e apreensão.

Até então, as investigações relacionadas a Vorcaro corriam na Justiça Federal do Distrito Federal.

A Operação Overclean investiga uma organização criminosa suspeita de irregularidades com o uso de emendas parlamentares ao Orçamento. São apurados fraudes em licitações, desvios de dinheiro público, corrupção e lavagem de dinheiro.

No início do mês, Bacelar afirmou ao jornal Folha de S.Paulo ter participado da criação de um fundo destinado à construção de um empreendimento imobiliário em Trancoso, distrito de Porto Seguro (BA).

Segundo ele, Vorcaro demonstrou interesse na aquisição de parte do projeto, motivo pelo qual recebeu a documentação. O deputado afirmou que a transação não avançou.

"Ele me fez uma consulta sobre um imóvel em Porto Seguro, que não se concretizou. Quando o banco começou a entrar em dificuldade, ele pediu mais um tempo para poder exercer a opção. Foi feito um documento dando a opção de compra a Daniel Vorcaro", disse.

Toffoli enviou o caso para manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República), que ainda não se posicionou. Mesmo assim, o ministro tomou a decisão sobre o caso, que pode ser reavaliada após o órgão se manifestar.

Vorcaro havia sido preso no aeroporto de Guarulhos (SP), quando embarcava para Dubai em 17 de novembro.

Ao determinar a soltura, a juíza Solange Salgado da Silva, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) afirmou que o banqueiro comprovou que havia comunicado previamente ao Banco Central que voaria para os Emirados Árabes Unidos, com o objetivo de se reunir com empresários interessados na compra do Master.

Investigadores disseram que o jato particular no qual o empresário embarcaria tinha como destino Malta, o que reforçaria a hipótese de que ele buscava fugir.

No pedido de habeas corpus ao TRF1, a defesa rebate esse argumento. Segundo eles, o fato de o plano de voo da aeronave ter destino como Malta seria uma "contingência logística, uma vez que o avião não tem autonomia para voar de Guarulhos a Dubai, necessitando de reabastecimento".

Torcedor do Palmeiras, o ministro viajou a Lima, no Peru, durante a final da Taça Libertadores, em um jato particular ao lado de um dos advogados que atuam no caso Master. A viagem ocorreu na sexta (28) pela manhã, com retorno no domingo (30). A decisão da Libertadores, que resultou na vitória do Flamengo sobre o Palmeiras, aconteceu no sábado (29).

O jatinho pertence ao empresário Luiz Osvaldo Pastore. A viagem foi revelada pela coluna Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pela Folha.

Além de Toffoli, entre os mais de dez passageiros do voo estava o ex-secretário Nacional de Justiça Augusto Arruda Botelho, que atualmente advoga para um dos diretores do Master e é amigo do proprietário do jatinho. Botelho foi procurado pela reportagem, mas não houve resposta.

O caso do Master no STF foi distribuído a Dias Toffoli na tarde de sexta (28), após o embarque do ministro para Lima. Já em 2 de dezembro, o ministro impôs sigilo elevado a um pedido apresentado pela defesa de Daniel Vorcaro, dono da instituição financeira.

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